segunda-feira, 9 de março de 2015

RÁDIO MARINGÁ - Professores e funcionários da Unioeste buscam apoio em defesa da Universidade

Professores, alunos e servidores da Universidade Estadual Oeste do Paraná (Unioeste), campus Toledo, estiveram reunidos com o prefeito Beto Lunitti, na manhã desta sexta-feira (6). O objetivo da comissão era apresentar ao prefeito a posição da universidade em relação ao projeto de autonomia universitária proposto pelo Governo do Estado, que na opinião dos servidores irá provocar o sucateamento e também implicará negativamente no desenvolvimento regional.

Os professores posicionaram ao prefeito que a paralisação não se deve a questão salarial, mas sim a defesa da universidade enquanto instituição pública e gratuita que tem promovido o desenvolvimento econômico e social dos municípios que sediam campus e do entorno, conforme apontou pesquisa desenvolvida pelas universidades paranaenses.

Durante o encontro, a professora da Unioeste, Mirian Schneider, apresentou ao prefeito dados da pesquisa que apontou os benefícios que a universidade proporciona ao desenvolvimento dos municípios e da região. “Foi feito um estudo no ano passado, que foi contratado pelo Governo do Estado, para levantar o real impacto da universidade no desenvolvimento regional. Os dados foram muito promissores. Um emprego na universidade gera 2,34 empregos fora. Um milhão de reais na agricultura gerava em 2006, 54 empregos locais, e a renda desse emprego gerado é em média de R$3.800. Já na educação pública, você gera 48 empregos para cada R$ 1 milhão aplicado. Este emprego gera uma renda média de R$ 14 mil, ou seja, a Universidade gera renda”, relatou.

Diante da exposição dos professores, o prefeito Beto Lunitti propôs a articulação de um movimento por meio da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop), além do município de Francisco Beltrão, que também conta com um campus da universidade. “Vamos conversar com todos os prefeitos que tem um campus da Unioeste no município, para ajudar nessa situação. Vamos fazer um encaminhamento para mandar ao gabinete do governador e também ao presidente da Assembléia Legislativa do Paraná”, afirmou Lunitti. Em conversa por telefone com o prefeito Beto Lunitti, o presidente da Amop e prefeito de Assis Chateaubriand, Marcel Henrique Micheletto, afirmou que a AMOP está à disposição para auxiliar no que os servidores da Unioeste precisarem.

Autonomia universitária

Uma das propostas do Governo do Estado é a autonomia universitária. “O problema é que isso impede que a universidade cresça. E só nós tivermos um novo modelo, uma mudança histórica que a universidade precisa fazer, nós não vamos poder”, afirmou Mirian. A professora ainda destacou outras mudanças que a universidade sofreria caso passasse a ter a autonomia universitária proposta pelo governo estadual. A revisão anual de salário automática acaba; as universidades parariam de crescer; além de, para conseguir realizar pesquisas, a universidade teria que partir para o setor privado, “As pesquisas ficarão implicadas a captação de recursos de empresas, o que é bastante complicado para a região”, comentou. A professora comentou ainda que os investimentos feitos na universidade pública se pagam, e garantem retorno a economia do estado. “De cada R$1 que o Estado investe na universidade, ele arrecada 1,73. Se o estado investe arrecadar isso, o entorno, o município, o governo federal, também arrecada”.

A professora explica também que a proposta de autonomia do Governo do Estado implica no sucateamento da universidade e coloca em risco a gratuidade do ensino e da pesquisa. “O projeto se aprovado vai direcionar 7% da receita do Estado para pagamento a partir de 2016. Então para a Unioeste caberia 1,14 desse valor. Nós não vamos crescer, vamos estar condenados aquele 1% e pronto acabou. Os planos de investimento vão ser abandonados. Mas mais que isso, esse 7% está projetado em cima de uma projeção de arrecadação, que é menor do que aquilo que será. E será usada a projeção, e não o índice efetivo real. Há claramente a pretensão de diminuir a universidade”, disse. Outra perda prevista no projeto é a revisão anual de salário automática que irá acabar. “Toda vez que nós quisermos aumento de salário vai tem que ser discutido, dentro daquela gestão de recursos, ou seja, a data base que é um direito, acaba. Todo o projeto foi construído em cima de desmontar a universidade. É um processo de desmonte do serviço público”.

Miriam alerta que com o projeto de autonomia proposto pelo governo teriam que buscar fonte complementar de investimento as instituições para continuar a crescer ou implantar projetos. “Além de trabalhar com ciência, com pesquisa, teríamos que captar recursos, que restringiria as pesquisas. Lembrando que quem faz ciência no Brasil são professores e alunos das universidades públicas. A profissão de cientista não é regulamentada no Brasil, ou seja, a única possibilidade de termos novos conhecimentos, novas patentes com a identidade daqui é por da universidade pública”, afirmou Miriam.
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